segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Conforto!

O tempo curto deste Inverno frio de montanha faz com que a tarde pareça já velha de idade e vestida de penumbra húmida e de cinzento-escuro.
O sol, frágil de luz e já posto no horizonte, parece corar de vergonha, certamente, por não ter a necessária potência para aquecer este tempo de hibernação dos seres da natureza.

Pelo passeio marítimo de Vila Praia de Âncora, caminha gente apressada, talvez, na procura da mobilidade pretendida. Ou de formas corporais que a moda impõe.
A uns escassos metros, um casal de anos pousa o olhar no oceano e olha o pôr-do-sol que ilumina o horizonte rectilíneo deste imenso lago que nos prende a atenção. 
E uma gaivota emerge lá ao longe no contra-luz moreno de tardio.
Mais gente caminha na longa marginal. Conversam entre eles, certamente, sobre a vida agreste e a incerteza que se aproxima, a passos largos, do meu país de contrastes sociais.
Lá em baixo, as ondas esforçam-se por se aproximar da areia, num contínuo movimento de teimosia. Deslumbram pelo esbranquiçado de espuma que se agiganta quando batem de frente nas rochas altaneiras.

Há um silêncio no ar que se faz ouvir neste entardecer de rumores tardios. Há magia na luz cor de fogo que o horizonte oferece de presente. Um escasso tempo de fruição!
Lá fora, a roupagem dos transeuntes denuncia o frio trazido pelo vento norte. A Micha faz-se porto seguro perante as temperaturas mais agrestes, gerando um ambiente deveras acolhedor.
Apesar de tudo, há momentos em que apetece sentir o fresco do ar no rosto da aventura, sobretudo, quando o mar está de feição. Como este mar que admiro da janela deste conforto!

  Carlos da Gama
              Foto: Carlos da Gama

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