quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O lenho do Natal!

  
Foto: Google Imagens 



Nestes dias, frios de Dezembro, respira-se um perfume de festa da ternura, que é o Natal. 
Apesar dos tempos de crise económica, financeira e social, os rostos brilham um pouco mais e sempre se procura ter por perto os afetos de proximidade.
Este é, também, um tempo de memórias. 
Em que gosto de recordar o Natal da minha infância, envolto numa aura mágica que, ainda hoje, me incute saudades.
Cinquenta anos constituem um espaço temporal que faz toda a diferença. Nesses tempos recuados da nossa memória, a televisão era um luxo de poucos, a rádio constituía um acesso de alguns e o telefone resumia-se em ser uma miragem para a grande maioria. Coisas tão vulgarizadas no mundo dos nossos dias!

Porque vivia na idade da infância, a noite de Natal tinha outra ternura. O centro do convívio era a lareira, alimentada com os melhores cabeços das velhas oliveiras ou possantes carvalhos, previamente cortados para a ocasião. 
Após o repasto das batatas e do bacalhau, regados com o vinho dos pipos, abertos no momento, a conversa alongava-se pela noite dentro, enquanto se assavam as «maçãs da porta da loja» que alguns, mais audazes, introduziam nas aquecidas malgas de tinto.
Lembro bem que os mais novos jogavam ao «rapa, tira, põe e deixa» com os pinhões, recolhidos das pinhas mansas que o braseiro tinha já desflorado com a força do calor.
Todos aguardavam a chegada da meia-noite, hora a que, supostamente, o Pai Natal desceria pela chaminé para deixar as prendas nas botas cuidadosamente arrumadas por ali. A confiança era tanta que, numa noite de Natal, um dos meus irmãos teimou, convictamente, que tinha visto a perna do Pai Natal a subir pela chaminé acima.
Recordo, também, a minha perplexidade perante o critério daquele velho de barbas brancas na distribuição das prendas. Porque não conseguia entender o facto de, ano após ano, serem beneficiados os meninos pertencentes às famílias mais abastadas. 

Apesar da extraordinária mudança, nas últimas décadas, a nível das condições económicas e sociais, nada é comparável ao fogo de emoções que me incutia o lenho do Natal!
  Carlos da Gama

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