domingo, 11 de dezembro de 2011

É aqui!


 
Lamas de Mouro, outrora uma freguesia cheia de gente, está quase deserta. Soube que permanecem, por ali, cerca de vinte residentes. 
Grande parte dos nascidos naquelas terras de montanha, ou partiram para outras paragens, ou preferiram abraçar o sono da eternidade. 
A montanha é de uma beleza sem par. Mas só com muito esforço se consegue obter o sustento. Por isso, no passado, algumas famílias mudaram-se para Braga, onde passaram a residir e, quase todos, a prosperar. A maioria abalou para o Canadá, EUA ou o centro da Europa.

Estive aqui, pela primeira vez, há cerca de 31 anos, na semana fatídica da tentativa de resgate dos reféns norte-americanos no Irão, pela fracassada Operação «Eagle Claw» no dia 24 de Abril de 1980.
Foi, também esse, um tempo de incerteza para o mundo e de profundas alterações estratégicas na geopolítica dos Estados Unidos da América. 
Foi uma semana de sonho que passei, com os meus principais afectos, acampado nas Veigas de Lamas de Mouro, junto da Casa Abrigo que ainda hoje repousa por ali.

Parece que foi apenas ontem que visitei esta parte nobre do Parque Nacional de Peneda-Gerês. O tempo, por aqui, é eterno e permanente!
Ainda ali está a relva onde colocamos a tenda, de feitio índio, tendo como cenário gigantescas árvores de cúpula verde azeitona. 
Ainda corre a água límpida e gélida no riacho que lhe está de frente. Continuam puros os ares desta montanha acolhedora. Apenas não podemos acender as fogueiras com a liberdade do passado.
Os cavalos selvagens continuam a anunciar-se pelas veigas. Passa uma viatura de longe a longe. O silêncio é perfeito, porque cheio de sons que a natureza acomoda. O paraíso existe, de facto: é aqui!

  Carlos da Gama

                  Fotos: Google Imagens     

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