sábado, 17 de dezembro de 2011

Tão próximo do céu!



Foto: Google Imagens 


O inverno aproxima-se de nós com os dias cada vez mais curtos. E com escassa luz. 
Há dias em que o sol surge apressado. Aparenta, até, ter medo de permanecer um pouco mais. 
Chego a pensar que, além de áspero, rude e ventoso, o Inverno deve ser mal-humorado com o próprio sol.
Na serra, o horizonte apresenta-se muito próximo. 
O céu termina já ali no cimo daquele monte careca de granito. A noite veste-se de breu e cai abruptamente. Os silêncios cercam-na para deixar que uma calmaria bucólica regresse ao vale das veigas de Lamas de Mouro.

Daqui, da casa rolante de aventura, assisto à passagem inexorável do tempo na companhia do «Guardador de Rebanhos» que se fez heterónimo de Fernando Pessoa - Alberto Caeiro. 
A noite continua lá fora na companhia do frio, do vento e da abundante chuva miudinha. A madrugada desperta, de mansinho, com o rumor lento e cadenciado do trote dos cavalos selvagens. E ao som dos chocalhos dos rebanhos madrugadores e das vacas de pele ocre e de longos chifres.
Foto: Google Imagens 

A manhã de sol frágil que só se permite aparecer por entre frestas de nuvens carregadas de água negra. 
Pressinto a sensação fria do lago que recolhe os sedimentos que escorrem da montanha em correria louca pelos ruidosos rápidos de água abundante.
E admiro a beleza das árvores típicas daquele Parque Nacional, santuário de espécies únicas de fauna e de flora. 
Apesar de despidos, os vidoeiros alinhados erguem os braços na direcção do céu, como que implorando aos deuses um tempo mais ameno.
É tão bom acordar no alto desta fantástica paisagem de montanha e dar de caras com uma multiplicidade de cores da agreste fauna que emerge por entre penhascos graníticos que fazem o horizonte tão próximo de nós. Tão próximo do céu!

  Carlos da Gama

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