quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Mar …

Hoje o dia amanheceu cinzento e menos quente. O mês de Agosto nem sempre é assim. A normalidade é sentir o irradiar do sol a aquecer os ânimos dos que demandam o imenso litoral deste meu país.

Impressiona como o mar exerce uma tão forte sedução em quase todos os que o conhecem. Aquele imenso lago, constantemente remexido, atrai e acolhe, de azul mais ou menos expressivo, os olhares cansados das rotinas do tempo.
Se a vida nos surpreende com algum caso mal resolvido, é lá que a alma se refugia. É na audição dos sons do mar que o silêncio se faz mais presente. É na admiração do seu orgasmo em espuma branca que a alma mais se enobrece. E é na fúria das águas de encontro às falésias que erguemos o olhar mais longe e perscrutamos horizontes distantes.

O mar tem diversos matizes e facetas. Mas é o mar de Inverno que mais me inquieta e seduz. Porque pressinto-o mais solitário nesses meses frios. É nesse contexto que gosto de o acompanhar, lado a lado, num percurso feito de aragens frescas e de ventos mais ousados em manhãs de neblina. Sinto um prazer quase infantil quando caminho lentamente pelo espraiado ou na proximidade da rebentação cadenciada e monótona. Outras vezes, por razões meteorológicas, adoro ficar, esquecido do tempo, no interior do carro, no cimo de uma qualquer falésia. Numa serena inquietude!

Não será por acaso que uma das palavras preferidas do meu vocabulário seja «maresia». Porque ela contém emoções elaboradas e retidas na alma ao longo da vida. Porque desperta contextos díspares e cenários multicolores. E porque é um vocábulo salpicado de gotículas que esvoaçam no vento quando o mar resmunga os seus humores nos rochedos solitários.
Maresia rima bem com energia, nostalgia e saudade. Saudade de um tempo novo. Saudade do futuro, da aventura e do desconhecido. Mas, também, saudade de partidas e chegadas... em liberdade!

                  Fotos: Google Imagens      

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