quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Desassossego

Não o larga aquele desespero miudinho que lentamente lhe corrói a alma. Tenta afastar as tempestades d’outrora, mas esse esforço é inglório. De vez em quando, a sombra do tempo, ou qualquer inútil informação, desperta-lhe um desassossego larvar. 
Que, apesar de rejeitado e espalhado pela espuma dos dias, emudece-o por incontroláveis períodos de tempo!

Esta cisma rouba-lhe o melhor que tem. A alma permanece desnudada. Apetece-lhe gritar os sufocos que a comprimem.
Sente a vida presa por um fio de emoções. Como um pássaro guardado numa entediante reserva, procura a liberdade que lhe permita sonhar até ao limite. E, no encalço da ousadia perdida, vê-se, lá longe, de olhar fixo, num horizonte feito de inquietude.
Apetece-lhe correr pelas falésias da vida já vivida. Desprezar a audição dos apelos medíocres feitos de vileza interesseira. E abrir os braços em concha, pressentindo o vento a saudar com eufórica determinação.
Mas sente-se perdido entre a gente e só se acha livre quando ganha a companhia do mar. 
É ali que repousa a alma e troca o desassossego pela serenidade.
Sabe que voltará a iludir esta vertigem feita saudade de um tempo feliz. Mas, mesmo assim, prefere perder-se entre as brumas do destino que o empurra para um espraiado mais distante. Esforça-se, mas não consegue libertar-se definitivamente do emaranhado das teias que o sepultam ainda vivo. E, vezes sem conta, ousa afastar a maldição dos pastores que lhe marcaram a vida. 
E que o impedem de gritar com a alma plena de liberdade. Daí a ventania de medos que há muito lhe arrastam incertezas e canseiras.
Acha-se sem forças para chamegar as emoções que lhe são próximas. Por isso, conclui que chegou a um destino sem retorno. A um limite de forças cada vez mais difíceis de controlar.
Mas não duvida que o futuro tem a maresia à sua espera. E, sabe bem, esse tempo está a chegar. E permanecerá por aqui … apesar deste constante desassossego!
                  Fotos: Google Imagens     

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