segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Instantâneos …


Chegou cedo, como de costume. Sempre antes das oito horas!
Gostava de iniciar o dia quando a maioria ainda rolava pelas estradas ou geria um maior atraso nos seus compromissos. Ainda antes de ligar o computador, admirou o verde jardim que lhe acenava mesmo em frente do gabinete.

A oliveira é a árvore de maior proximidade.
Uma planta bela, apesar de vestida de uma cor de melancolia. Parece não ter pressa de se fazer à vida de adulto. Faz bem.
E, ao pensar assim, veio-lhe à memória que, um dia, alguém lhe tinha confessado que começamos a morrer quando nos tornamos adultos. Enquanto olhava aquele magnifico cenário matinal, gostava de relembrar que, por ali, passarão várias gerações de trabalhadores até que a oliveira atinja esse estado de maturidade.
Naquela manhã, os raios de sol, que lhe iluminavam as folhas, pareciam querer preenchê-la de carinhos. E até o vento, que costumava deambular por ali, sempre apressado, hoje não a quis perturbar. Está ausente … acho que de férias!
Aos poucos, avista a chegada dos carros que transportam mais trabalhadores. Mas o único ruído que perturba aquele momento de contemplação é o som monótono e fundo das máquinas que mantêm a empresa ligada à vida.
O principal objectivo da empresa é o atendimento de doentes. Um local que alimenta de esperança quase todos os que cá vêm. Ele confirmava tratar-se mais de esperança do que de certezas. Por aqui, nasce-se, vive-se e morre-se. Mas é a esperança que está mais presente na alma da gente.
De seguida, a sua vista fixa-se, mais ao longe, nos passos lentos das pessoas que caminham pelo empedrado azul da calçada. Sabe-se lá o que lhes vai na alma. Que direcção tomam as inquietações que carregam os seus rostos. Que angústias envolvem os corações que demandam estas paragens. A vida é sempre uma incógnita, a maioria das vezes, indecifrável!
O dia está lindo. Iluminado por um sol claro e acolhedor. Um sol que, aos poucos, aquece a madrugada fria deste Agosto meio solitário. Deste tempo de silêncios inquietantes. Um tempo que parece interminável, porque feito de esperas. Um tempo de sonhos que vão desvanecendo numa perturbadora melancolia com sabor a saudade!
Está uma manhã calma e serena. Um início de semana que não dá nas vistas. Talvez porque os sons do verão preferem outros contextos e sabores.
A ausência de vento agiganta a inquietude que toma conta dele. Porque há silêncios que magoam. Mas ele tem a certeza que, como este é um local de esperança, o sol vai aquecer… vai aquecer!

                  Fotos: Google Imagens      

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