quinta-feira, 2 de junho de 2011

Nostalgia ….

Estava atónito com o que sentia à sua volta. Não sabia se havia de ficar mais ou menos feliz! Porque a felicidade é um estado de alma envolto em brumas de magia. E ele tinha consciência que esta se ausentou, há muito tempo, para parte incerta do seu mundo. Enquanto que o contentamento descontente (como escrevia o poeta) será um estado de espírito menos carregado de subjectividade.
Sabia, por isso, que as simpáticas manifestações de apelo, para ficar por ali, esbarravam em algo intransponível. O que lhe acrescentava uma atmosfera demasiado perturbadora.
A vida de todas as vidas tem o destino decidido ao minuto. A dele encontra-se estacionada numa área de serviço inundada de uma quietude inquietante. Um fardo que, vezes sem conta, teme não conseguir levar mais longe. Um peso desmesurado para uma existência tão frágil, insegura e fugidia!
Sabia que não queria, nem merecia, o que era. Não ignorava que a vida tem outro sabor fora dali. Sabia isso muito bem! Mas também sabia que apenas sabia disso porque estava onde estava!
Há uma eternidade que tinha desaguado, sem bússola nem norte, num estádio sem tempo. Sabia que dificilmente se ergueria de novo! Porque o bom samaritano não conhece este mundo. Não pertence a este novo mundo!
Desde que iniciou a viagem pelas águas encapeladas daquele mar perturbado, onde navega, perdeu um pouco da respiração, fonte de vida. Deve ter danificado algo na máquina do tempo a ponto de não conseguir uma abertura completa do diafragma da alma. E, sabia bem, as peças para estas maleitas não existem por cá. Não existem mais!
Daí que ficasse enternecido com os olhos de água transparente que ultimamente o têm cercado. Embora não conseguisse, até ao momento, descortinar as subjacentes razões daqueles olhares de tardia proximidade!
Ficava sensibilizado, mas com a certeza de que o destino está em marcha. Uma marcha lenta demais, apesar de tudo!
Mas ele sente-se a meio de uma caminhada sem destino, de costas para o mundo, com a viola da esperança a tiracolo. Não olhará mais para trás. De certeza absoluta!


Carlos da Gama
                      Fotos: Google Imagens

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