terça-feira, 14 de junho de 2011

Vamos conseguir !

Já não constitui novidade a afirmação de que os portugueses vivem tempos difíceis. E as más notícias chegam rápido. Em cada dia que passa, as sombras da crise escurecem ainda mais o caminho deste meu pobre país.
Desde o início do novo milénio que se ouve falar de crise, crise e … crise! Foi e continua a ser em nome dela que os impostos aumentam brutalmente, os salários reais baixaram, os juros dos créditos continuam a aumentar, a pobreza alastra e o desemprego não pára de subir. Este é um país à beira de um ataque de nervos!
O cidadão comum perde constantemente poder de compra e uma parte da classe média viu desaparecer os empregos que lhe sustentavam um despreocupado nível de vida. Daí que, nunca como agora, a pobreza envergonhada tenha atingido índices tão preocupantes.
Na empresa pública onde trabalho, quase diariamente são recebidas execuções fiscais de penhoras sobre o vencimento mensal de muitos trabalhadores. É um barómetro do estado da economia familiar, que não consegue fazer face aos compromissos assumidos.
De acordo com notícias vindas a público, são já centenas de milhares as famílias que perderam a capacidade de pagar os vários créditos, passando a constar da lista dos insolventes. Por essa via, o crédito malparado tem subido a valores nunca antes vistos.

Durante a década noventa do século XX, o país viveu um período de ilusória prosperidade. A entrada na moeda única europeia, e a consequente baixa de juros, levou a que muitos optassem pelo recurso ao crédito bancário para financiamento da aquisição de casa própria, de carro, das férias e das próprias cerimónias familiares, como os casamentos. Gerou-se um clima de facilitismo ilusório e a convicção de que tudo seria permitido com o acesso ao dinheiro «barato».
Os próprios Estados davam esse exemplo, quando fizeram do financiamento nos mercados internacionais uma forma de vida que se julgava normalíssima. Só que tudo o que é emprestado terá que ser saldado. E quando soou o alarme da crise da economia mundial, iniciada nos Estados Unidos da América, com o anúncio do colapso do «Lemon Brothers», tudo começou a esboroar-se como um baralho de cartas.
A crise alastrou rapidamente a sua mancha ao nosso país, atingindo a banca, as empresas, as famílias e os particulares. Quem tinha compromissos suportados em crédito bancário acabou por ser arrastado pela turbulência económica e financeira. O inesperado crescimento do desemprego levou a que muitos deixassem de obter rendimento suficiente para satisfazer as suas obrigações. O recurso a mais crédito, para pagamento de outros, teve o efeito da «pescadinha de rabo na boca», agravando o problema. Daí, ao colapso financeiro, foi um passo!

Portugal e os portugueses vão viver, por muito mais tempo, uma situação de crise profunda. Porque esta tem fundamentos estruturais que não são possíveis de ultrapassar em poucos anos. A penúria vai continuar a perseguir muitos concidadãos, sem meios para fazer face à sua subsistência. As novas gerações, habituadas a obter quase tudo com grande facilidade, vão ter que aprender a viver com muito menos e a enfrentar a crise com espírito de sacrifício e uma nova visão do mundo.
Apesar de tudo, estou certo que os jovens olharão para esta crise como uma oportunidade e não como uma fatalidade. Vão querer deixar de se auto-denominar de «geração à rasca», para se afirmar como a «geração desenrascada»!
O futuro de qualquer país está na sua juventude. Por isso, sou dos consideram que Portugal tem futuro. O caminho é longo, sem dúvida. Mas, tal como no passado, vamos conseguir!

Carlos da Gama
                                      Fotos: Google Imagens

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